A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter a decisão da Justiça do Pará que determinou o cumprimento imediato da pena de oito anos de prisão para um homem condenado por estupro. Essa decisão reforça a soberania do Tribunal do Júri, que autoriza a execução imediata da pena, independentemente do crime.
Contexto do Caso. O caso teve início em Dom Eliseu, Pará, onde o réu foi acusado de tentativa de homicídio e estupro. O júri absolveu o réu da tentativa de homicídio, mas o condenou por estupro. Com base nisso, o juiz presidente do júri determinou o cumprimento imediato da pena.
A Defensoria Pública do Pará entrou com uma Reclamação (Rcl 74118) alegando que, por ter sido absolvido do crime contra a vida, o réu deveria ter o direito de recorrer em liberdade. Essa argumentação foi feita com base no entendimento de que a pena só deveria ser cumprida após o trânsito em julgado.
Decisão do STF. A ministra Cármen Lúcia, relatora do caso, afirmou que a decisão não viola a presunção de inocência, uma vez que está alinhada ao entendimento do STF sobre a soberania dos veredictos do Tribunal do Júri. Segundo o Tema 1068 da repercussão geral, o júri tem a autoridade de determinar a execução imediata da pena, independentemente da natureza do crime.
A ministra destacou que a competência do júri foi fixada devido à acusação de feminicídio e, portanto, a condenação por estupro deve seguir a mesma lógica de execução imediata. O ministro Luiz Fux acompanhou a relatora, pontuando que questões processuais específicas poderão ser discutidas em casos futuros.
Importância da Soberania do Tribunal do Júri. O Tribunal do Júri julga crimes dolosos contra a vida e crimes conexos, como estupro se este estiver relacionado ao crime contra a vida. A Constituição Federal garante a soberania dos veredictos do júri, assegurando que as decisões tomadas por este órgão, representando a sociedade, não sejam alteradas por tribunais superiores quanto ao veredicto final de culpabilidade.